quinta-feira, 26 de outubro de 2006

CARTEIRAS PROFISSIONAIS
Há décadas que é um assunto melindroso.
Mas já é tempo de pegarmos o boi pelos cornos e opinar livremente,contra o polìticamente correcto.
Hoje parece que houve um bruáá maior do que é costume por causa das Cédulas Profissionais da Saúde...
Vejamos:
O Estado,não interessa qual partido é maioritário,investe(quer dizer:pagamos nós) um balúrdio nas Faculdades de Medicina,Enfermagem,Técnicos de Saúde,etc.
Obviamente estou a referir-me a Ensino Superior Público.
É legítimo que espere que esses profissionais,após a sua formação feita com os nossos impostos,retribuam com o seu trabalho na Saúde Pública,durante um número aceitável de anos.
Claro que deveriam ter assegurado,durante esse tal número de anos,trabalho compatível com a sua formação na área da Saúde Pública.
Quem queira ir para o Privado,também o poderá fazer desde que pague ao Estado,a nós,aquilo que foi investido na sua formação.
Mas,atenção,apenas a Instituição Formadora (não sei se o Ministério da Saúde ou da Educação) poderiam emitir Carteiras Profissionais de Saúde Publica.
Nada de Ordens,Sindicatos ou afins.
Na Saúde Pública trabalhariam apenas os detentores de Carteira Profissional de Saúde Pública.
Isso de Carteiras Profissionais emitidas por outras entidades,independentemente da sua credibilidade,dará sempre motivo para grandes dúvidas,nomeadamente o interesse corporativo.
Em termos públicos,terá que ser o Estado a assumir a competência dos profissionais que forma bem como a atribuição de lugares públicos após a sua formação.
Não vejo esta medida como agressora dos privados,pois acho que também eles poderão ter as suas Universidades,as suas Clínicas e os seus Hospitais.Não percebo é que,no caso concreto da Saúde,o Ensino privado deva ser financiado pelo Estado ou que os formados em Universidades Públicas vão,sem mais,trabalhar para a "privada".
Penso que esta é uma forma de tornar clara,desde o início,a Saúde Pública.
Falei em Saúde,porque foi o tema que esteve hoje "na berlinda" a propósito das tais "cédulas profissionais".
Mas este princípio aplica-se a muitas outras actividades.
Longe de mim proclamar guerra à Ordem dos Médicos,Enfermeiros,etc.
O Público tem que se assumir como Púlico,COM TODOS OS SEUS DIREITOS E OBRIGAÇÕES.

3 comentários:

Anónimo disse...

Respeito a opinião, mas discordo completamente. Na minha área (sou técnico de radiologia) tem sido um autêntico descalabro. Quem as emite? Quem V. Exa. defende.
Na área das análises, farmácia, fisioterapia, idem idem aspas aspas.

Jorge Oliveira

aminhapele disse...

Acho que quem lhe deu o Curso,lhe deveria ter passado o CERTIFICADO PROFISSIONAL.
Você teria o seu trabalho certificado e assegurado,com a remuneração compatível evidentemente,e ao fim de algum tempo poderia passar ao privado.
A minha confusão vem da actual promiscuidade entre público e privado e no PODER detido por quem emite CARTEIRAS PROFISSIONAIS

jlf disse...

Vamos ver se me consigo fazer entender: no sentido do dever ser, creio que a razão está do lado d'aminhapele. Já em termos pragmáticos instalados - as pessoas preferem o certificado "corporativo".

Mas a dúvida é terrível: se são as entidades defensoras dos interesses profissionais a assegurar esse serviço, o interesse (particular) corporativo e o compadrio acabarão por se sobrepor ao interesse público.
Se é a entidade pública, lá acabam por prevalecer os "direitos" emergentes das facturas "clientelares"...

Mas convenhamos que se for imposto uma espécie de período de carência para trabalho exclusivo público, ou o tal pagamento de que se fala na peça em apreço, não será nada demais. Óbvio.
(É o que se passa já, e há muito tempo, em certas actividades cuja formação implica grandes "investimentos"... como o caso dos pilotos da avição civil, entre outras...).