---------- Forwarded message ----------
From: Rui Lucas <rui.ferrao.lucas@gmail.com>
Date: 24/01/2007 23:40
Subject: CONTAS DE MERCEEIRO
To: pedecabra.pesporra@blogger.com
Os da minha idade ainda se lembram das duas ou três mercearias que existiam lá na rua.
Muitas vezes,lá para as 8 da noite,faltava em casa um decilitro de vinagre.
Nós,os mais novitos,lá íamos bater à porta do senhor Silva e pedir para nos ir "aviar".
O senhor Silva,tirava o guardanapo e fazia aquela expressão que queria dizer.Coitados!
Lá vinha abrir a loja,aviáva-nos e apontava no "caderninho".
Os senhores Silvas do nosso País geriam a economia doméstica de milhares de famílias,serviam-nos "fiado",mandavam-nos a casa o rapazito com o cabaz,serviam de confessores,banco e estação de correio e,alguns,até tinham Posto Público de telefone.
Raramente os víamos fora do balcão.
Saíam ao domingo,com o seu fato "domingueiro",família ao lado,davam duas de conversa com o padre,o médico e o sargento da guarda e lá iam para casa,fumar o seu cigarro e ouvir a telefonia.
A seguir,estendiam os "caderninhos" na mesa e lá iam acertando as contas ao centavo.
Sabiam,de ciência milenar,que as despesas não podiam ser maiores que as receitas.
Se assim não fosse,sabiam que tinham que cortar nas despesas deles:a mulher só comprava tecido para um vestido daí a três meses,em casa tinham que comer o que não se vendia na loja,as meias solas só eram postas daí aum mês e,se as coisas estivessem mesmo feias,nesse ano a mulher e as crianças não iriam para a praia, etc.etc.
Nunca lhes passava pela cabeça era subir os preços para fazer face ao déficit.
Como nos fazem falta os merceeiros,para darem lições de economia a quem nos (des)governa.
Que mal aplicada tem sido aquela expressão "escrita de merceeiro"...