Há poucos dias,um amigo dizia-me que este não era o Governo de que gostava,mas é o "seu" Governo.
E dizia-me também que as hipotéticas alternativas que se perfilam são bem piores.
Concordo com a análise deste amigo.
Qualquer ruptura,qualquer "acto" que faça surgir um Governo de fora daquela plataforma de alternância,dominada pelos dois maiores partidos,é inviabilizada pela Constituição que atribui aos partidos o monopólio do Poder.
A acção de movimentos cívicos,não partidários,pode criar dificuldades ao Poder mas não pode constituir alternância aos Partidos.
Bons ou maus,vamos ter que os "aturar" alternadamente pois só eles próprios poderiam desbloquear a Constituição de modo a poderem surgir alternativas de cidadãos não inscritos em partidos.
É a tal democracia representativa,em que ninguém representa ninguém.
Salvo algum terramoto,teremos que "alternar" com os mesmos:rosas e laranjas.
A seguir a Sócrates,virá um qualquer laranja...
3 comentários:
A minha esperança está em que dentro do menos mau desses dois partidos surja o tal terramoto que engula o meteorito que nos deixou aí...
1º O problema não está na Constituição , está no eleitorado: não vota suficientemenet noutros partidos .
2º E não é por ser menos esclarecido, mas pelo facto de essa escolha a expressão política que corresponde a interesses sociasi mais fundos. Interesses que correspondem estruturalmente a linhas de clivagem da sociedade.
Aliás, pelo menos à esquerda o partido dominante está longe de se reduzir aos seus inscritos, já que abrange, naturalmente, também os simpatizantes e os eleitores habituais.
Por isso,os eleitores de esquerda não votam numa entidade que lhes seja exterior, votam de certo modo neles próprios.
E quando não votam , o seu não voto muitas vezes não é tranquila procura de outro produto, mas um gesto de extrema irritação e censura. Por isso, muitas vezes o povo de esquerda irrita-se com os seus governos, mas só uma pequena parte dos irritados muda o seu voto.
Aliás, um problema ainda maior está no risco de, passados certos limites impossíveis de predeterminar, poder ocorrer um cataclismo eleitoral que reduz a pó o que na véspera era um partido de poder.
Nesse caso, durante um tempo que pode ser longo um país fica expsoto ao risco de colapso social , já que deixa de haver um aproveitamento útil das energias de reivindicação e protesto.
O mais provável , se um drama destes ocorrer, é uma crise de sobrevivência do próprio país, ou um retrocesso histórico.
E se a implosão fosse europeia ?
Por isso, a questão da transformação do PS ede modo a que se adeque ao desempenho do seu papel histórico, não é um provlema dos seus inscritos , nem sequer apenas dos integrantes da área política a que corresponde.
3º Grupos informais só têm consist~encia para serem formas complememtares da acção dos partidos. Sem uma intervenção partidária adequada dificilmente se pode esperar conseguir uma dinãmica cívica com impacte transformador.
Meu querido amigo:as tuas palavras são sábias e,como sempre,sensatas.
Por mim,não sei como resolver a questão:talvez que me comece a faltar paciência e,também,alguma lucidez.
Mas,se calhar como tu,já ando farto do mal menor.
Por outro lado,não tenho dúvidas,não tenho alternativas para apresentar.
Pior:tenho consciência que a manifestção deste mal estar é aproveitado pelo "inimigo"(sim,o grande,e não um partido qualquer...);
mas também receio que muitos,deste lado,tenham os mesmos receios,não os manifestem e que os "figurões" se aproveitem do nosso recato e da nossa sensatez.
Tens a tua militância.
Eu tenho a minha tradicional descrença.
De uma coisa estou certo:quando fores feliz no teu "caminho",eu também sou.
Um abraço.
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