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Ao meu collega e amigo João de Andrade Corvo devo esta predilecção pela vinha.Foi elle quem me metteu em casa o enthusiasmo,que hoje chegou a ponto de me affastar de Lisboa,logo que chega o mez das vindimas;e que me desvia da capital,varias vezes no anno,em busca de um ideal que raras vezes encontro: - quem faça bom vinho,e por um methodo racional.
Para gosar o espectaculo de uma vindima,andarei muitas léguas,se preciso fôr;e sou capaz de me esquecer um dia inteiro,a fazer experiencias,com desprendimento infantil,ao pé de um balseiro,que tenha mosto a ferver.
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Aprendi,na vinha,a amar o meu semelhante,quando a mão do homem é carinhosa com a videira.Aprendi,com a vinha a soccorrer os desgraçados,que ella ampara e proteje,com maior sollicitude,do que eu!Respeito na vinha a família rural,que ella,por toda a parte,representa,na sua expressão mais santa e consoladora;ajudando hoje a mãe a amamentar os filhos e a fazel-os homens,para depois ajudar os filhos a ampararem a mãe na velhice,na doença e no infortunio.
A vinha é,para mim,em tudo que sabe fazer,a philantropia em acção.
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Excerto interessantíssimo da "Carta ao Illmo.e Exmo.Sr.João Ignacio Ferreira Lapa" de António Augusto de Aguiar(Abril de 1871)
Edição Fac-Similada em Junho de 2007 por CAVES SÃO JOÃO
2 comentários:
Muito interessante mesmo e belo também!
Beijo grande
Quem diria?
Quantas virtudes se podem encontrar na vinha!... Para além desse doce néctar!
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