terça-feira, 30 de novembro de 2010

O COMPLEXO DO ALEMÃO: SÓ FREUD EXPLICARIA

Antes da colonização portuguesa, as áreas próximas à região eram habitadas pelos índios Tamoios, que viviam às margens do Rio Timbó – nome dado em função do cipó “timbó”, utilizado para envenenar a água e facilitar a pesca.

Muito após o extermínio dos Tamoios, os jesuítas se estabeleceram na região – já no século XVIII -, dando origem à Fazenda de Inhaúma e seus engenhos. Expulsos os jesuítas, em 1760, suas terras foram desmembradas em várias fazendas que deram origem aos atuais bairros de Ramos, Bonsucesso, entre outros.

A ocupação da Serra da Misericórdia ocorreu no início do século XIX, com Francisco José Ferreira Rego. Por ocasião de sua morte, os herdeiros venderam as terras para Joaquim Leandro da Motta. Esse, por sua vez, dividiu sua propriedade em grandes lotes, vendendo um deles para Leonard Kacsmarkiewiez, polonês refugiado da Primeira Guerra Mundial, que ficou conhecido pelo apelido de “Alemão”, nome depois dado ao morro que lhe pertencia. Em 1928, Leonard “Alemão” promoveu o primeiro loteamento de suas terras, na área das atuais comunidades Joaquim de Queiroz e Grota, que tinham ocupação dispersa até meados da década de 1950.

A partir da década de 1940, iniciou-se a ocupação das áreas das atuais comunidades de Nova Brasília e Itararé. Na década de 1950, a ocupação se ampliou e surgiram as comunidades dos Morros do Alemão, da Esperança, dos Mineiros e do Relicário. Em 1961, foi ocupado o Morro da Baiana e, a partir dos anos de 1970, surgiram a Fazendinha, o Reservatório de Ramos e o Parque Alvorada - Cruzeiro (1982). No final da década de 1980, o conjunto de favelas que ocupam o leste da Serra da Misericórdia e suas adjacências viria a formar a XXIX Região Administrativa Complexo do Alemão.

O bairro do Complexo do Alemão compreende toda a região administrativa, ocupando 437.880 m². O ponto culminante dos morros locais está a 138m de altura em área com cobertura florestal.

Apesar da rede de abastecimento de água chegar à maioria das casas, ainda há moradores que se abastecem de poços artesianos e de algumas nascentes de água locais. Embora o Censo 2000 registre que 84% dos domicílios de favela do bairro possuem rede de esgotamento sanitário, podem ser constatadas áreas específicas onde há valas a céu aberto e despejo de esgoto in natura nos corpos hídricos. 

Só fiz esta postagem, como fiz na Marmita Filosófica uma sobre o bairro da Penha, para que ninguém ficasse boiando. Nada melhor do que a história e a imagem para nos dar a dimensão do fato. 

2 comentários:

Beth/Lilás disse...

Muito bom o seu apanhado histórico sobre aquela região que compreende hoje o tal Complexo do Alemão, mas os bairros abaixo, os antigos e calmos bairros que compreende desde a Penha a Olaria eram bairros de famílias portuguesas em sua grande maioria.
Muitos padeiros, açougueiros, sapateiros, barbeiros, profissionais que até hoje ainda são encontrados por lá e seus descendentes agora brasileiros.
No início dos anos 40 e 50 tais bairros eram frondosos e de casas amplas com varandas e terrenos ao fundo com árvores frutíferas.
Hoje, nem pintadas são para não chamar a atenção dos assaltantes que se proliferaram, escondendo-se na imensa favela que é o Complexo do Alemão.
Uma pena! Aqueles que sairam dali para outros bairros ou cidades fizeram a escolha certo, porque os que ficaram, simplesmente tiveram que viver com o estilo que a favela impõe e seus imóveis são completamente desvalorizados por isso.
Quase todos os bairros que compreendem a zona da Leopoldina no Rio de Janeiro estão neste estado de degradação por conta do esquecimento do Poder Público e do crescimento de alguma favela que tragou por completo a face simpática de um bairro pacato de zona norte.
um abraço carioca

aminhapele disse...

Enviei o texto,devidamente identificado,para o "Encontro de Gerações".
Um abraço.