sexta-feira, 31 de julho de 2009

FEBRIL


Se quem você ama,
Treme quando te abraça,
Com os seus lábios ardentes
Ressecados como brasas,
E não sai mais da cama
E o olhar se revira
E o fôlego se agita
E não se contém e grita
Ao ver você pular
No úmido leito
E sente a pele fervendo
E os gemidos do amor
Cada vez mais ardorosos
Prisioneiros do peito
Entre a carne e os ossos
Tentando fugir
Numa tosse enlouquecida
De paixão quase assassina
Como se te entregasse
Não apenas a outra face
Mas também a própria vida
Com o coração em maratona
Ouça meu conselho
É chegada a hora
De usar o bom senso
Abandonar essa dona
Sem batom no espelho
Sem colírio nem lenço
Nem um bolero cafona
Em seu delírio fatal
Que esse amor agnóstico
Nada tem da adrenalina
Que tanto nos emociona
Até o suicídio
Ele tem diagnóstico
É a tal
Gripe suína
Que, sem subsídio
Veio à tona!

1 comentário:

mc disse...

Boa!

(Há dias DESCONVERSEI sobre o mesmo tema)