quarta-feira, 13 de outubro de 2010

PRA MATAR AS SAUDADES!

 
Elis Regina fez um show maravilhoso em 1970, chamado Saudades do Brasil. Esse filme é mais ou menos a mesma coisa, quando vejo sinto imensa saudade do meu país, aquele que nunca vi direito, a quem poucos brasileiros tiveram esse direito, o de vê-lo em todo seu esplendor. Nos últimos oito anos, essa felicidade foi um pouco mais expandida, muita gente que não podia pegar esse país com as mãos passou a ter essa possibilidade. Viajar em seu país, que são muitos num só. Viajar não necessariamente para aproveitar as férias que nunca tiveram, ou se tiveram, não tinham condições, ou se tinham condições, não tinham coragem. Não se sentiam cidadãos de seu próprio país. Eram olhados com desprezo por seus próprios irmãos de nacionalidade. Viajar pra quê? Pra ser mais um baiano em sumpaulo? Um paraíba no ridijaneiro? Um caipira? Um Jeca Tatu? Agora viajam. Vão visitar cachoeiras. Vão se ajoelhar pros santos. Vão se pendurar no Pão de Açúcar. Fazer picnic nos parques. Andar de metrô. Ver a capital. Vão visitar os parentes que as estradas levaram. E agora? Em nome do combate ao aborto, mandam votar no atraso. Na recessão. Na submissão aos bancos estrangeiros, no pessoal do rabo entre as pernas. Os pastores tornam-se cabos eleitorais da Idade Média. Pregam os votos na nova inquisição. Preferem os abortos criminosos aos feitos nos hospitais. E um candidato, ex-comunista, se aproveita disso. O que e entristece não é ver meu partido perder a eleição. Já estou acostumado, sei que não é uma luta fácil. É a saudade que vou sentir desse oásis de cidadania que tivemos nesse pequeno período de oito anos. Que transformou o Brasil, esse belo país que vemos no filme, numa pátria e seu povo em cidadãos iguais entre si. Ainda é muito pouco para quinhentos e  dez anos.

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