O MANDINHO

Em tempos,há muitos anos,ao lado da minha aldeia(Sertaneijo Cimeiro) havia uma outra "aldeia" a que chamávamos Sertaneijo Fundeiro.
No Fundeiro,existiam umas minas de volfrâmio e um bairro operário que albergava umas centenas de pessoas.
Casas baixinhas e pequeninas,das quais se destacavam,pelas suas dimensões,três:a maior era a do maioral das minas;mais alta,a igreja;a seguir,a casa do senhor padre.
O senhor padre vivia naquele "casarão",cuidado pela velha Camila,com uma criança que,ao que se dizia,era seu filho:o Mandinho.
Ao tempo apareceu por lá uma rapariga sueca,dedicada a obras sociais,que pretendia ensinar sueco aos mineiros.Convenhamos que seria uma actividade pouco rentável...
O bom do senhor padre acolheu a rapariga em sua casa e,como trabalho para pagar a estadia,passava a tratar da educação do Mandinho.
Nós,crianças prendadas da Cimeira,deslocávamo-nos à Fundeira para brincar com o Mandinho e aprender sueco!
O Mandinho aprendeu rapidamente a meter os "garfos",e nós também.Para isso não era necessário "falar" sueco.

 Hoje,o Mandinho Garfos que não chegou a fazer o 5º ano,é uma mistura de banqueiro com político e empresário desportivo.
A sueca,já entradota,é dona de uma casa que acolhe "afilhadas" de vários países.
As minas já não existem.O senhor padre morreu e deixou o Mandinho como único herdeiro.
Dizem as más línguas que a casa da sueca,na cidade grande,também era do senhor padre.
Moral da história:é necessário saber urilizar os "garfos" e ter sido abençoado...