terça-feira, 28 de julho de 2009

ESTILO CACHORRO

Zé Mei me mandou uma relação de salários do pessoal “administrativo” e “apoio” do Senado Federal. No meu tempo, Senado era coisa séria, federal. Agora, o fundilho apareceu. Será que preciso dar algum exemplo? Não. Acho que se recebem tanto, fizeram por onde em algum momento da história. Mas há quanto tempo isso acontece e ninguém diz nada, pelo contrário, pensa logo em se locupletar? Quem nunca sonhou com uma boquinha dessas do namorado da neta do Sarney, que ganha uma graninha boa para atender telefone e preencher recibos de consultas no laboratório médico do senado? Seis horas por dia - e quem vai cobrar a presença dele? Do “neto do homem?” Será que tem “vale-passagem”? E ainda diz que o senado devia orgulhar-se de ter um funcionário como ele! No Orkut se auto define como seguidor do Estilo Cachorro! Mordendo a nossa grana. É mais um playboy de Brasília da Fantasia, os índios que se cuidem. Pelo que li nos jornais, é de família abastada e tradicional da capital. Precisa desse emprego? Fez o serviço militar? Tem formação superior e pós-graduação e fica no Senado com as importantes tarefas acima mencionadas? Ninguém é maluco de rasgar dinheiro fácil. O rapaz é exemplo típico da população brasiliense, criada e formada dentro da disciplina (prática e ideológica) do funcionalismo público (manda quem pode, obedece quem tem juízo). Foram treinados para isso durante a ditadura militar. Lembra a terrível expressão "ordens de Brasília"? Deu nisso, pois quem ousou duvidar da sua validação perdeu a validade. Essa população engrossada pelos que se locupletam com o poder - lobistas, chantagistas etc. – são os reis da cocada preta. Ou alguém acha que o Lula ou o PT mandam alguma coisa? Brasília não é uma cidade normal, é uma cidade-estado que manda no país, é um balcão não apenas de negócios, mas de poder. Sua história, seu dia a dia, seu convívio com a corte são sua própria referência de vida no planeta. FHC, mesmo com o apoio da intelectualidade, inclusive da esquerda, nos empurrou uma composição com o DEM (ainda PDS) e com o PMDB para conseguir dois mandatos. Quem mandava no país? Daniel Dantas jantava com ele toda a semana. Você acha mesmo que um Governo "proletário" ou de esquerda, ia mudar isso? Roberto Jefferson foi escalado para desmascarar o esquema usual do Caixa 2 e compra de votos para detonar o Dirceu e o Palocci. O objetivo era a mudança da política econômica, que não interessava aos lobistas. Conseguiu em parte e ainda vive mandando recados indiretos pela imprensa. Como pode uma facção de senadores e deputados assumir a denominação de "baixo clero"? A imprensa que agora achincalha o senado é a mesma que anos atrás contribuiu para isso, em troca de financiamentos e benesses da corte. Agora, apesar de ainda contar com apoios importantes - a queda da obrigatoriedade do diploma beneficiou quem, cara pálida? - vão malhando o Judas que alimentaram com suas páginas. Se junta a isso um governo desastroso politicamente, que trocou a dignidade (que já nem era tanta) pela continuidade no poder - e não vai conseguir. Dançou. Lembro-me que durante os governos anteriores ao Lula se dizia que o país era uma panela de pressão prestes a explodir. Não explodiu, a política econômica conseguiu segurar a onda. Baixou o fogo, mas não apagou o facho: sopa de entulhos da política já entornou e sujou o fogão todo! O garoto tem razão: ele é melhor que seus patrões.



2 comentários:

aminhapele disse...

Muitas vezes,parece-me evidente que estás a "falar" de Portugal...

Beth/Lilás disse...

Que nada, Rui! Não há nada pior do que Brasília mesmo! Aquilo ali é somente cabide de empregos para amigos, parentes, amantes, filhos, noras e tudo mais ligados à corja política. Uma vergonha nacional!
abraço carioca