terça-feira, 14 de abril de 2009

COIMBRA: MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA


Uma notável obra de recuperação.
É para isto que os dinheiro do Estado são necessários e,neste caso,bem aplicados.
Fotografia de António Dias.

12 comentários:

Tozé Franco disse...

Olá António.
Um excelente exemplo de recuperação. A par com a zona verda à beira-rio criaramum espaço muito agradável.
Um abraço.

moitacarrasco disse...

Haja Deus!

Anónimo disse...

Dizer que O mosteiro de Santa Clara-a-Velha está bem recuperado é não perceber nada de património.

Beth/Lilás disse...

Ah, isto é muito bom de se ver!
Não podemos deixar que nossa história acabe em poeira.
abraço carioca

aminhapele disse...

Caro anónimo:
Raramente comento os comentadores.
Também,raramente,publico comentários anónimos.
Se publiquei o seu é porque me dá oportunidade a um pequeno esclarecimento.
É verdade que não percebo nada de património.Nunca exibi conhecimentos que não possuo.
O que posso dizer é que,como o comum dos mortais,gosto de ver o património limpo e bem tratado.
Há dezenas de anos(por mim,já carrego com 6)que sempre vi a parte cimeira do Mosteiro,decrépita e em ruínas.
Todo o resto estava debaixo de água e lodo.
Ao que sei,o Mosteiro foi sucessivamente acrescentado para cima,no seu interior,para que as monjas e noviças pudessem fugir do rio que,ao longo de séculos,afundou o Mosteiro.
A situação tornou-se insustentável e,há séculos,o Mosteiro foi abandonado.
O que,agora,está à vista é uma visão completamente nova para quem cresceu nesta cidade.
É bonito e agradável.
Não sei,nem me interessa saber,de que partido é que surgiu tal iniciativa.
Não sei,nem me interessa saber,quem fará a inauguração e se mete copos ou feijoada.
Sei que gosto do que vejo.
Pela cidade,há muito mais para recuperar.
Por aqui,me fico.

CRN disse...

Não deve ser para "isto" que o faz o dinheiro dos Portugueses.
Faz falta melhor educação, melhor saúde, melhores comunicações, mais segurança, acabar com a pobreza e fome de 20% da população e, depois, investir no património.
Assim mesmo, apostar no património não significa unicamente manter a tónica iconoclasta contrária a um Estado laico.

aminhapele disse...

Estamos de acordo numa coisa,caro CRN:o património são as pessoas!
Claro que entendeu que me referi a património edificado,noutras erads,e que por todo o país está em ruinas.
Não me referi a prioridades.
Devo dizer-lhe que não acredito que,nos anos mais próximos,exista um governo que considere as pessoas como património e que lhes dê prioridade.
Dentro desta óptica,considero que o dinheiro gasto na recuperação do Mosteiro foi bem empregue.
Não tenho conhecimentos que me permitam afirmar que a recuperação devia ter sido outra.
Limito-me a afirmar que gosto do que vejo.

Maria disse...

Concordo absolutamente com 'a minha pele'. Gostava de acreditar que algum Governo «nos» considera algo mais do que «aqueles que o elegeram, que pagam impostos e que o hão-de voltar a eleger» (e assim sucessivamente, em círculo).

Desafio todos os que lêem e gostam de comentar este blogue a definir as prioridades do Governo actual (ou as de qualquer um dos anteriores). Dependem sempre da ocasião em que o discurso é feito e dos público a quem se dirige. Em campanha pré-eleitoral todas as áreas são prioridade, como terão reparado, e a forma como podem ser articuláveis entre si para atingir os objectivos de «melhorar a qualidade de vida das portuguesas e dos portugueses» é geralmente (e oportunamente) muito confusa e difusa!

Terei todo o gosto em debater a forma como ACREDITO que o investimento em património cultural é vital - e prioritário, portanto - para o modelo de desenvolvimento estratégico e sustentado de qualquer país (e deste em particular), se o anónimo estiver interessado nisso. Pode-se começar por definir o conceito e acrescentar que toda a intervenção em património se insere em políticas próprias de Educação, Ambiente e Economia que fundamentam o investimento (geralmente financiado por Quadros Comunitários e portanto enquadrado em redes estratégicas de desenvolvimento mais vastas do que a 'simples' decisão das políticas de um ou mais governos nacionais).

É bastante visível que a actual prioridade do Estado não é a recuperação de qualquer tipo de património ou cultura. Se o anónimo é de Coimbra sabe melhor do que eu do que falo.

Sobre a oportunidade ou o mérito da recuperação de Santa-Clara-a-Velha, muito haveria a dizer. Mas como especialista na área, o anónimo saberá que existe uma multiplicidade de variáveis a considerar, pesar e equilibrar em qualquer intervenção em património arquitectónico, pelo que as opções e resultados nunca são pacíficos. Conheço o suficiente do processo em causa para poder dizer será sempre 'um dos grandes casos de recuperação arquitectónica' pelo grau de dificuldade técnica envolvido e pela escala multidisciplinar de intervenção que implicou. Creio que, como portugueses, só podemos congratular-nos pela concretização de uma obra que - noutro lado - já teria sido objecto de diversas reportagens, onde se exporia à exaustão o grau de complexidade do processo e se lhe acrescentariam mais valias, potenciando os resultados em termos culturais, sociais, económicos - e até, porque não?, políticos - como um 'caso exemplar de património resgatado às águas e aos assoreamentos de um rio'. A divulgação do sucesso da opção técnica escolhida, dos problemas colocados pela necessidade de fundamentar as diversas tomadas de posição até se alcançar o fim do processo, ou da forma como se vai dinamizar e gerir o investimento na continuidade, serviria para sensibilizar as populações, tão pouco despertas para estes temas. Só com informação - e Educação - as pessoas aprendem a criticar e a exigir a qualidade das intervenções. Quem falaria de futebol se não houvesse comentadores e jornais sobre o tema? E quanto dinheiro não corre graças a esse investimento?

Diga-me, anónimo, de que vive Coimbra? De que se orgulha? Da Universidade que o Estado Novo construiu depois de ter deitado abaixo toda a Alta da cidade? Do 'Portugal dos Pequeninos'? Seguramente muito da Universidade e muito de Conimbriga, investimentos que o pós 25 de Abril soube incrementar e gerir. Certamente muito da fama de 'Cidade do Conhecimento' inventada pelo Estado Novo e que continua a ser apregoada nas 'comonicações'.

E depois, CRN, 'as portuguesas e os portugueses saudáveis, bem nutridos, seguros e educados' resultantes das prioridades de um Governo perfeito que investiu nessas áreas, vão aproveitar as 'comunicações' para gastar a 'largueza de recursos propiciada' (pelo investimento onde? Não sei se percebi bem...) em países onde se investe em património. As pessoas 'educadas e seguras' dos outros países vêm cá para conhecer os portugueses felizes que passaríamos a ser... ou talvez não, se já tiver caído todo o património que os atrai cá...
Os que - já saudáveis e seguros - não conseguirem arranjar emprego por cá (depois de acabadas as comunicações e as obras nos hospitais e centros de acolhimento), vão para fora do país procurar emprego nas áreas do Turismo, Museus e Património, porque cá as fábricas fecharam e o comércio não está melhor. Ou então 'matriculam-se' num partido político... e vão para o Governo redefinir as prioridades...

E finalmente, CRN, investir em património não é renegar a Constituição laica - e ecuménica - de que nos orgulhamos todos desde a Revolução Francesa. É investir em identidade, nacional e (neste caso) europeia. Ou estaria mais de acordo se fosse um castelo, por exemplo? É património laico, mas teve como principal função e razão de ser a defesa dos territórios e populações contra muçulmanos e espanhóis... Será mais digno de investimento?

moitacarrasco disse...

Uuuffff! Até sustive a respiração!
Gostei, Maria. Sabe do que fala. E fala claro e bem.
Bravo.
mc

ecosteira disse...

Maravilha de obra de restauração.
Evidentemente não conheço seus detalhes técnicos e até gostaria, para admira-los, já que sou "do ramo".
Mas acredito na importância da preservação e restauração da memória, da história e do patrimonio de um povo. Patrimonio, certamente, da humanidade.
Parabéns. Não vejo a hora de ir até aí.
Abraço carioca.

CRN disse...

Entendo que não se referiu a prioridades, contudo, na conjuntura sócio-económica actual, sei que aceitaria de bom grado, como ordinário, que a preocupação primordial do governo fosse a cidadanía.
Por outra, também para que nessa Portugalidade se observem peculiaridades idiossincraticas que a justifiquem, a manutenção do património edificado não deixa de resultar fundamental.
Assim mesmo, sem considerar outros aspectos - ainda que se torne dificil segmentar a consideração sobre a actuação do governo - congratulo-me com que alguém goste de ver, ou se preocupe, com o património de todos nós.
Finalmente, no relativo ao seu negativismo, que outra coisa não sugere que a negação da negação da existência, digo-lhe que, as, vontade, prioridade, programa politico vigente, são, claramente, responsabilidade do Povo.

Cumprimentos cordeais.

CRN disse...

Estimada Maria,

Encontro sérias dificuldades em acompanhar o seu raciocínio, lamentando tal facto, e, seguramente por falta de capacidade por minha parte, prefiro inibir-me de contestar, comentar, a sua opinião.

Cumprimentos.