sexta-feira, 1 de junho de 2007

BALIZA




Agora,que a greve já passou,vou continuar as historietas do meu grupo de amigos.


Hoje trago ao vosso conhecimento um crómo que eu não conheci,mas que é recordado sempre que o grupo se junta.


Dois dos meus amigos,trabalharam na zona de Setúbal durante muitos anos.E trouxeram de lá uma história que "pegou" entre nós.


A primeira vez que foi contada,foi há muitos anos durante uma almoçarada em dia de greve.Eram greves a sério e com grandes riscos físicos,mas nós fazíamos.


Então surgiu a tal história.


Lá em Setúbal,numa tasca onde os meus amigos iam normalmente comer,estava sempre um homem muito mais velho que eles,que punha um copo de Palmela em frente e,antes de o emborcar,dizia bem alto e destacando as sílabas:


BA-LI-ZA!


E lá ia o vinho pela goela abaixo.


Nunca souberam o nome do senhor.Ele era conhecido por BALIZA.


Lá para as 7 da tarde,o Baliza largava os copos e despedia-se dizendo:


-Vou-me deitar,porque estou farto de dar frangos!


Quando ele aparecia com um aspecto mais abatido,os amigos perguntavam-lhe:´


-Ó Baliza,que é que se passa?


-Estou todo moídinho...


Ontem fartei-me de me atirar ao chão!


Nos nossos almoços,ainda hoje,de vez em quando gritamos:


-BA-LI-ZA!!!


Não o conheci,mas cá estamos companheiro.

6 comentários:

Al Cardoso disse...

Uma rica ilustracao para essa estoria, desses "palhinhas" ja nao ha muitos!

a d´almeida nunes disse...

E eu, que desde os meus 17 anos, que passei a ser conhecido entre os meus amigos dos tempos das futeboladas estudantis por Yashin! E que desde então me tinha como um dos grandes guarda-redes mundiais que passaram ao lado duma grande carreira!?
-
Às tantas tem toda a razão: aquele caminho/Estrada não será já o princípio da OTA?!
-
Já agora, uma abraço para o AL, que me antecedeu.

Tozé Franco disse...

O que eu corri para encontrar um palhinhas desses, para uma peça de teatroq ue a minha turma vai estrear, hoje à noite.
Estava a ver que o Zé Próvinho tinha de levar um garrafão de plástico...
Um abraço... e BA-LI-ZA.

Zoika disse...

História deliciosa!!... Adorei!!...

Anónimo disse...

Pois, o Baliza não conheci. Esse.
Mas conheci, e muito bem, o Alicate (nunca tive curiosidade de saber o porquê de alicate... Como me esqueço o porquê de "bolo rei" ou de "javardão jasmim", etc. É assim porque é. Acabou-se).

O Alicate conheci-o há mais de 40 anos... Já não era novo (Ele)(Eu...Assim, assim. Alguns teimavam que já tinha idade para ter juízo. Eu achava que não, que era muito cedo. Impedernido)... Dizia eu qu'o alicate já não era novo... Conservado em álcool como andava sempre, desde uma hora depois de limpar a remela dos olhos... Ainda é capaz de ser vivo.
(Vejo sempre: mas não é nome que apareça na necrologia).

Mas eu conto.
Foi n' O POTE... Esse mesmo... Ali à João XXI. Melhor, esse mesmo, não. Por acaso nem perto. Só o nome é o mesmo. Hoje é um restaurante a atirar para o mais ou menos burguesmente aceitável...
Então, não.
O POTE, de então, era uma casinha estreita e pouco profunda, com um reservadozito lá atrás. À entrada à direita era o balcão. Bem alto, com uma pedra de mármore em cima, a todo o comprimento. Por trás, as pipas. Bem presentes. Seja: presença assinalável. Depois uma pequena vitrina, em que uma cortinita impedia que aí entrassem 4 em cada dez moscas. Onde havia, tudo ao molho, sandes de chouriço, cadelinhas, pataniscas, croquetes, caracóis e outras iguarias... Bolos, não. Só bolinhos de bacalhau, que era de comer e desatar num berreiro, por mais.
À noite, a partir das 10, estava por nossa conta, uns vagabundos, uns "infecto-contagiosos" (como alguém dizia), mais que as cadeiras do reservado. Bem mais.
Era ali que começava a noite. Sempre com a presença do Alicate. O único, dos turnos diurnos, que alinhava connosco.
Algumas vezes, a noite resumia-se ao Pote: os irmãos Durão, o "galinhas", o Topé, o Pinho, o... o... e por aí fora.
Outras vezes era o ponto de partida para um programa nunca conhecido... que se prolongava até que abrisse o tasco do Alfredo, por trás da avenida de Roma, ao lado do Tuti Mundi, ou no bar dos "internacionais" no aeroporto (uma coisa que não tem rigorosamente nada a ver com o que está la hoje... Nem sequer deixa adivinhar o que foi...) ou na praça da Ribeira, onde, para aliviar o hálito, havia um cacau que era divinal (embora fosse uma mistura desaconselhada... Mas enfim...).
Queriam!
Queriam que eu continuasse a desfiar a memória!... Não era?
Nah, nah!
(Suspeito que tenho uma cunhada a ouvir-me)... Tenho que me portar bem... Pelo menos parecer...
Até depois.
mc

aminhapele disse...

Um dia,quando nos der na bolha,sentamo-nos calmamente a contar histórias,com um pé-de-microfone a gravar e tomar notas!
Se nos descuidarmos,ainda ficamos ricos!
Boa historia m.c.
Vamos continuar.
Um abraço.