terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COIMBRA,PORTO DE MAR

Coimbra,centro de tres provincias riquissimas vae estar em communicação commercial com o Oceano.
Parece-nos inutil esmerilhar todas as vantagens desta novidade que são muitas e obvias.
No entanto o problema apresenta dois aspectos que teem sido debatidissimos e que são igualmente dignos de estudo.
O primeiro consiste na construcção do porto da Figueira da Foz,ligado a Coimbra por um canal de communicação com o rio Mondego desde a sua foz até Coimbra.
Para a primeira forma do grandioso emprehendimento foram apresentadas propostas por: uma casa ingleza,outra allemã e outra franceza.
A proposta ingleza abrange tres aspectos:
a) - o do porto da Figueira da Foz
b) - o do canal de Coimbra
c) - o dos caminhos de ferro a construir na zona central do paiz,a fé de serem conduzidos rapidamente a Coimbra os productos do interior.
Este projecto,depois de algumas alterações que deve soffrer parece que será o escolhido.
A segunda forma desenvolvida largamente pelo snr. Antonio Simões Lopes estuda os trabalhos e as despezas necessarias para tornar navegavel o Mondego desde a sua foz até à Portella.
O seu plano,resumidamente consiste no seguinte:
Montagem duas machinas sugadoras,uma de cada lado do leito do rio,para elevação da terra,areia e lado do fundo com que se construirão as avenidas marginaes;
Expropriação de parte das pequenas propriedades ribeirinhas na região comprehendida entre a confluencia do Ceira,na Portella,e o choupal,para sobre esses terrenos lançado o grande volume de areias de fundo,visto que nessa zona o rio espraia bastante e as insuas não teem bastante superficie para a recepção da totalidade do terreno a levantar; esse aterro,que será arenoso,depois de lhe ser addicionada cal e barro vermelho,diluidos por irrigações successivas,ficará apto para a cultura podendo vender-se com opção para o seu antigo possuidor.
Montagem de dispositivos ao longo das muralhas marginaes permittindo a applicação das aguas do rio á irrigação dos campos misticos.
As escavações para alicerceamento das muralhas e sucção do fundo deverão começar da foz para montante partindo-se de meio metro abaixo do nivel da baixa-mar na foz,o que será garantia da novigabolidade mesmo no ponto astronomico da baixa-mar.
O orçamento do snr. Simões Lopes calcula:
- Blocos para a construcção das muralhas .......   Esc. 7.200.000$00
- Abertura das manchas e limpeza do rio                     2.400.000$00
- Duas machinas sugadoras                                             500.000$00
- Duas machinas covadoras                                             200.000$00
- Dois guindastes                                                               10.000$00
- Dois batellões                                                                  10.000$00
- Para os estudos da obra                                                   36.000$00
- Para expropriações                                                         500.000$00
- Para realisação de trabalhos projectados                      3.000.000$00
              TOTAL                                                            14.450.000$00


quantia esta que,arredondada para 15 milhões de escudos é relativamente insignificante e triplicará,pelo menos,o valor actual dos campos de Coimbra.
Para a realisação desta obra calcula o snr. Simões Lopes,o praso de seis annos de trabalhos.


Naquele tempo,os jornalistas assistiam às reuniões da Câmara.
Publicado na revista "Portugal",em 30 de Novembro de 1923


1 comentário:

Manuela Curado disse...

Já minha mãe me falara neste assunto.
Projecto demasiado avançado para época.
Noutro país, quem sabe se realizával!
Ficará a incognita!