terça-feira, 28 de novembro de 2006

GERAÇÃO de 40 (III)
Todo este palavreado,porque hoje assisti a cenas que não eram possíveis,há poucos anos atrás.
Antigos colegas meus,na casa dos sessenta e poucos anos,que passaram toda a vida no emprego,viveram bem e tinham até alguma consideração social,foram atirados para a reforma.
Eles,dentro do espírito da tal Geração de 40,nunca fizeram mais nada,nunca tiveram um núcleo de amigos ou de interesses,fora do emprego.
São hoje uns farrapos,que saiem de casa de manhã no horário que lhes era habitual,tomam um café,olham para o jornal,passam pelo velho local de trabalho onde não conhecem ninguém nem ninguém os conhece e metem-se nos copos.
À 1 da tarde,aí está o táxi ou a ambulância a levá-los.
Sei que esta visão é demasiado negra,mas o número real é muito maior que o conhecido.
Conhecer isto é possivel,e chocante,para quem vive num meio pequeno onde até a tal solidariedade está pela hora da morte.
Que,amanhã,tenhamos todos um bom dia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite!

Receio que a minha geração, de 50, vá viver dramas humanos semelhantes.
Apesar de mais familiarizados com novas tecnologias e meios alternativos de usar o tempo de forma a que se sintam vivos, temo que o isolamento seja progressivo, aumentando com aidade e a solidão a que os nossos velhos estão cada vez mais sujeitos.
A vida actual não se compadece com quem já não produz, por muito que o tenha feito antes.
As pessoas-máquinas da sociedade actual são atiradas para o lixo quando deixam de estar ao serviço desta fábrica de produção em que o mundo está transformado.

Anónimo disse...

Chorar sobre o leite derramado?
Não nos compraz, mas por vezes alivia-nos, não será isso? Duvido.
Mas que não vale de nada... Disso não restará dúvida.

A super-materialização da vida e dos valores, a estreita e redutora visão economicista do mundo e dos problemas e a globalização puseram isto tudo de pantanas...

A filosofia das empresas e das pessoas é hoje bem outra: as empresas já não premeiam quem lhes veste a "camisola" e a elas se dedica exclusivamente.
Aos jovens não só não interessa essa "entrega" como a estonteante mobilidade do mercado de trabalho lhes não deixa tempo para pensarem em tal... Que é sempre bacoco!

Queremos hoje torcer a orelha com a excessiva "dedicação" à empresa... E já não resulta nada.
A mim - que nunca ma exigiram - bem me prejudicou. E de que maneira.

O percurso da vida é irreversível.
Pagamos muito caro os erros que cometemos...
Mas, na altura, quem adivinhava o que se iria passar?

Resta-nos pensar como o Rui termina a sua intervenção: QUE O DIA DE AMANHÃ NÃO SEJA PIOR...

Abraço
José Luís
(aliás: moitacarrasco)