domingo, 3 de dezembro de 2006

NOVAS VIDAS
Não penso que os filhos e netos das Cremildes sejam insensíveis ou gananciosos.
Hoje,os tempos são outros e,também,as vidas são outras.
Por várias décadas de incúria,desleixo e falta de dinheiro,os centros habitacionais foram-se degradando e desertificando.Já nem aos Bancos interessam,porque há medida que eles foram ocupando cafés e mercearias,as pessoas foram fugindo dali.
Edificaram-se novos prédios para comércio e serviços.As zonas de grande concentração de população,quer residente quer trabalhadora,alteraram-se completamente.
Os chamados "Centros Históricos",são em grande parte dos casos,um monte ruínas,com casas a desmoronar-se.alguns cafés ou esplanadas,meia dúzia de residentes que,por teimosia ou falta de dinheiro,nunca sairam dali.
À noite fica tudo entregue aos "índios" e é arriscado andar por ali.
Mas qualquer terreno,neste sítio que não interessa a ninguém(não percebo porquê) custa e vale uma pequena fortuna.
Por gostei de ouvir a Cremilde a dizer que tentava apanhar todo o ar possível até a atirarem para a fogueira,porque nos cemitérios já não há mais espaços e não há terrenos para fazer novos cemitérios.Por isso,dizia ela,agora passaram a atirar os cadávers para a fogueira...
Os novos são obrigados a ritmos impensáveis e a terem como regras alguns valores que,há poucos anos,nos repugnavam.
É a luta pela vida,em que é obrigatório ser ambicioso,cuidar da imagem,cultivar os padrões de consumo da moda,olhar apenas pelo seu pequeno "núcleo".
Os "quarentões" já são velhos!!!
É bom andarmos por aqui,a apanhar ar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Este post NOVAS VIDAS, não tenho a presunção que tenha sido escrito por minha causa (intevenção ou comentário). Mas talvez também o seja.

No entanto, não me parece que haja grande dissonância entre o que penso e disse, e o que pensa e disse o Rui.
Antes de mais, também tenho filhos que se vêem gregos para viver nesta selva.
Depois porque eu não atribuí a culpa e a responsabilidade aos mais jovens.

É que, se bem está recordado, eu dizia no outro comentário (e repito):


«E a indiferença e a ganância dos filhos e dos netos das cremildes?... Serão apenas fruto de uma pura e desnaturada falta de sensibilidade, ou serão, também, e essencialmente, fruto de uma sociedade descaracterizada (descaracterizada? De mau carácter, direi antes) e preversa, consequência, designadamente, da falta de intervenção adequada na educação e noutras áreas por parte do Estado...
O próprio Estado é promotor e cúmplice nessa desenfreada ganância...
Salazar, acerca de tudo, contava o tostãozito?
E o Estado de hoje, O NOSSO, que só vê qualquer problemática numa perspectiva economicista?

Ser uma terna cremilde, de respeitável idade... Não chega, para quem adopte padrões mais exigentes...
Não é mesmo Rui?»

Onde está a diferença, Rui?

Um abraço
moitacarrasco

aminhapele disse...

Estou com dificuldade em postar os meus próprios comentários...