terça-feira, 2 de dezembro de 2008

SANTA CATARINA : A TRAGÉDIA





Fortes chuvadas levaram o drama e a tragédia ao Estado de Santa Catarina.
Já há 116 mortos confirmados e muitos milhares de pessoas sem abrigo,nem bens.
As previsões são pessimistas:a meteorologia diz que o tempo se vai agravar.
É um tempo em que a solidariedade,a verdadeira,vem ao de cima.
As pessoas,mesmo que tenham reservas,têm que montar um esquema de entreajuda activo.
É o tempo de proliferarem,também,as contas de solidariedade.
Em todo o mundo,mesmo por aqui,o dinheiro depositado nessas contas tem ido parar a bolsos errados.Na maior parte dos casos,até se desconhecem os titulares das contas(particulares ou associações).
Em geral,os governos de qualquer país(veja-se o exemplo dos EUA) não estão em condições de acorrerem,de imediato,a uma tragédia natural.
Os governantes são criticados sempre:se aparecem,é porque estão a retirar dividendos da tragédia;se não aparecem,é porque já não "ligam" às vítimas.
Pelo meu conhecimento da vida,e já tenho idade suficiente para ter passado por várias tragédias naturais,é um momento em que só os meios públicos(mesmo que insuficientes) nos oferecem alguma garantia.
Dizer que sinto o drama como se lá estivesse,é mentira.
Só quem lá está é que sabe o que sente.
É um momento em que as emoções estão à flor da pele!
Gostava de ver,tão rápido quanto possível,que o bem estar regressasse.
Não se deixem enganar pelas falsas solidariedades de ocasião.
Este,o meu mais sincero desejo.

7 comentários:

Beth/Lilás disse...

Caro amigo,
Por aqui a tristeza é muita, pois sabemos até de colegas de trabalho de meu marido que trabalham na cidade de Itajaí, onde tem um grande porto, e que estão sem moradia ou suas casas estão condenadas.
As fotos que vemos por aqui nos sites e jornais, de fazendas belíssimas, com casas do tipo mansões e com os rebanhos colados aos vidros das janelas, como se querendo entrar na casa fechada, mas com água até a altura de seus costados. Muitos animais perdidos ou mortos de fome com água até em cima.
Mandamos nossa contribuição em dinheiro para a conta da empresa de meu marido que foi aberta lá em Itajaí para ajuda aos funcionários, mas gostaríamos de fazer mais e a vontade que me dá é estar lá para ser útil, mas sei também que tem milhares de voluntários trabalhando em todo aquele estado. Neste final de semana estarei empacotando roupas e utensílios que enviarei por um amigo que virá à trabalho no Rio e volta na outra semana.
A Alemanha também ajudou com uma grande soma de dinheiro, já que muitos são descendentes de alemães e, se depender da vontade e força de trabalho daquele povo, que em sua maioria é do campo, agricultura, etc, conseguirão sair dessa. Mas a grande ajuda terá que vir dos céus. Primeiramente, estancando de vez as chuvas, depois muitas bençãos para refazer os corações e mentes daquela gente.
Não se esqueça de ajudá-los com uma prece antes de dormir!
abs carioca

aminhapele disse...

Farei a prece,Beth.
Oxalá São Pedro me ouça.
Um abraço.

Johnny Garden disse...

Olá, amigo,

SC é um Estado com o qual tenho particularmente afinidade. Passei a maior parte de minha lua-de-mel por lá e estive mais de uma dúzia de vezes visitando o Estado, principalmente Blumenau e uma pequena cidade chamada Pomerode (que tem a maior concentração de descendentes alemães do Brasil, dizem). Joinville, Jaraguá do Sul, Florianópolis, Itajaí, são todas cidades queridas em que já estivemos.
Estamos reunindo alimentos, roupas, brinquedos e remédios na escola das crianças, iniciativa de uma família que migrou de Blumenau para Holambra. Até as crianças (com 5 anos) assistiram na TV as crianças desabrigadas sem roupas nem brinquedos e decidiram colaborar (coisa difícil para eles nessa idade).
Infelizmente doações em dinheiro sempre me deixam desconfiado, há tanta roubalheira que até em situações como essa alguns espíritos com más intenções se aproveitam.

Um abraço.

aminhapele disse...

Queridos amigos:não me interpretem mal.Eu,e muitos portugueses,por várias vezes,ao longo de décadas,temos tido uma acção solidária,no próprio local da tragédia ou enviando roupas,medicamentos,alimentos e dinheiro para os alvos do sinistro.
A minha chamada de atenção prende-se com a minha experiência pessoal:muito raramente,os auxílios enviados têm chegado aos destinatários.
Os alimentos,deterioram-se...
Os medicamentos e cobertores,aparecem à venda no "mercado negro"...
O dinheiro,pura e simplesmente,esfuma-se (ninguém sabe quem são os titulares das "contas solidárias")...
Apesar desses precalços,continuo a praticar a solidariedade,quer a nível nacional quer internacional.
Mas também conheço,de perto,o desespero das vítimas que,na televisão,vêem o constante aumento das contas e não recebem nem um cêntimo!

Beth/Lilás disse...

Para que todos tomem conhecimento:

Consta da "Memória Histórica da Província de Santa Catarina", escrita em 1856 pelo Major Manoel Joaquim de Almeida Coelho e reeditada pelo IHGSC em 2005 (grifos meus):



"No ano de 1838, nos dias 9, 10 e 11 de março foi a Ilha, e toda a costa da Província acometida de um temporal de chuva e vento da parte de leste tão rijo, que abriu enormes rasgões pelos morros, quase toda a lavoura ficou rasa; todas quantas pontes haviam desaparecido; na capital rebentaram olhos d'água mesmo em terrenos muito elevados, algumas casas foram arrasadas e conduzidas ao mar pela força das águas; na Freguesia de Nossa Senhora das Necessidades, mais conhecida por Santo Antônio, desapareceu a casa, aliás bem construída, do tenente Joaquim José da Silva, e conjuntamente com ele ficou sepultada toda a sua família composta de onze pessoas; na Várzea do Ratones outra casa com a família de João Homem teve a mesma sorte; em outros lugares da província consta que houveram outras vítimas. O mar tornou-se, em grande distância da terra, vermelho de muito barro que recebeu; e mal se viu boiar em algumas partes animais, ou a fortuna de muitos lavradores. Muitas famílias ficaram reduzidas a penúria e miséria. Embarcação houve no porto da cidade, que virou a quilha por cima. No último dia, porém, permitiu a Suprema Providência que começasse a acalmar o temporal, e só assim porque a continuar por mais 48 horas, de certo apareceriam depois sobre a costa, especialmente da capital, só montões ou ruínas, e tal qual edifício. Mal se pode calcular o Prejuízo da Província, e menos julgar o valor das terras que se tornaram inúteis. Por Decreto da Assembléia Legislativa da Província n. 89 de 7 de abril desse ano foi a Câmara Municipal da capital favorecida com um suprimento para remediar os estragos mais sensíveis; e o digno deputado à Assembléia Geral Jerônimo Francisco Coelho pode ali obter que o Governo Imperial mandasse repartir pelos habitantes, a quem o temporal reduzira a penúria, 40 contos de réis; infelizmente, porém, é sabido que só vieram 20 contos, e que estes mesmo tiveram outra aplicação, muito distinta daquela que foram destinados.".



Acho que, por precaução, vale a pena divulgar o texto histórico...


raggi

Johnny Garden disse...

Não lhe interpretei mal, de maneira nenhuma. Sei que por falta de logística, boa vontade ou por pura sacanagem muito do que é arrecadado deve ser desviado. Dinheiro é o pior, não há como controlar (e acredito que aqui no Brasil a corrupção seja bem maior).
Só quis registrar minha ajuda (torço para que chegue a quem precisa).

Um abraço,

Johnny

Anónimo disse...

SUPERANDO A TRAGÉDIA!

Escreveu Carlos Fernando Priess (*)

Diante da tragédia, causada pelas chuvas, tem sido possível medir, quanto é importante, o otimismo dos seres humanos, para superar os acontecimentos pelo lado positivo, tirando do infortúnio, lições, mesmo diante de desfechos tão desfavoráveis.

Está o povo brasileiro vencendo os problemas com fantástica dose de otimismo. Até a crença de que o mundo tenha sido criado por Deus, faz com que a fé seja uma ferramenta que leva o ser humano a esperar algo melhor que a tragédia que, num determinado momento, se abate em sua vida.

Por certo, para os espiritualistas, uma provação, para sentirem o quanto agredimos a natureza.

Importante é a luta pela superação dos problemas, mas, se nos parece, que a fé seja uma força extraordinária, pelo que, concordamos com Fernando Altemeyer, professor de Teologia da PUC de São Paulo, quando diz que:

“Quando as pessoas encontram o amor de Deus, as coisas dificéis podem – ser amenizadas. Assim elas podem - entre os vários dramas vividos, em todos os quadrantes de Santa Catarina - conseguir reconstruir a vida”

Minas Gerais, Espírito Santo, também estão sofrendo. Uma lição nos foi dada pelo professor de futsal Francisco Ludwig, conhecido como Francis que tentou encontrar mais forças, depois das enchentes que castigaram Santa Catarina. Ele vive em Blumenau, é casado e tem três filhos. Sua vida mudou na noite de 23 de novembro, quando as chuvas destruíram sua casa e a de quase todos os seus vizinhos. Francis levou os desabrigados para o Colégio Shalom, ligado à Igreja Batista, onde ele leciona. “Chegamos a acolher 120 pessoas, ao mesmo tempo e procurei motivá-las. Dizia que Deus quer nos mostrar que devemos ser solidários e humildes.” Segundo ele, o tempo de convivência no abrigo serviu para unir as pessoas. Muitas pessoas, que se conheceram ali, se tornaram amigas e foram morar juntas – seja pela amizade, seja para dividir os gastos, enquanto a situação continua precária.

Uma tragédia maior, entretanto, que vive a humanidade, é a miséria, é a pobreza, em todos os quadrantes da terra, sendo necessário, que os imperadores do mundo e das riquezas acumuladas - que não serão levadas no caixão, depois da morte - resolvam eliminar a fome. É necessário esforço mundial para superação da pobreza, dizem especialistas.

Na visão do Presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Portugal, o sociólogo Alfredo Bruto da Costa, somente um esforço internacional será capaz de evitar que, a cada hora, 1.200 crianças continuem morrendo no mundo, devido à pobreza. “São três tsunamis por mês, todos os meses, mas diferente do fenômeno natural, essa morte na infância é previsível e evitável”. E isto, em nosso país, num momento, como o da tragédia vivida, nos faz refletir, dando forças para superar os sofrimentos vividos.

Na África, abaixo do Saara, 44% dos moradores vive na extrema pobreza, tragédia em pleno século XXI o que ameniza os sofrimentos vividos a uma taxa reduzida.

Os países ricos, as forças imperialistas, deveriam seguir o modelo dos brasileiros, que deram uma demonstração de solidariedade fantástica, ajudando, aqui, as populações atingidas pela catástrofe a vencer com mais facilidade os obstáculos trazidos pela tormenta.

Quem de nós nunca se viu perdido diante de um grande problema? Quem já não se sentiu sem forças para reagir depois de uma tragédia? A perda de alguém muito querido, uma doença, um acidente? O que fazer diante desta situação? Como seguir a vida? Onde arranjar sentido para se levantar?

O Repórter Record contou histórias emocionantes de pessoas que conheceram de perto o sofrimento, mas não se entregaram. Aprenderam, de forma heróica, a superar fraquezas e os próprios limites como a de uma mãe corajosa. Há cinco anos, ela sofreu uma das piores dores que um ser humano pode sentir: viu o filho, que tinha um tumor no cérebro, morrer nos próprios braços. A criança permaneceu na UTI por meses. O marido abandonou o casamento. Márcia suportou tudo sozinha. E fez mais, construiu uma rede de solidariedade. Transformou a dor em incentivo para, com grande entusiasmo, ajudar mães que hoje passam pelo que ela passou.

Temos a grande lição que nos deixou o poeta Tadany dos Santos:

“Na fascinante jornada da vida o entusiasmo é o júbilo que mantém as pessoas seguindo em frente apesar dos obstáculos, é a sutileza que consegue visualizar uma pontinha de luz a despeito da escuridão que possa assolar o ambiente, é a energia que impulsiona quando o cansaço parece avassalador”.

(*)Advogado/Mestrando em Direito-Univali – carlos@priess.com.br