quarta-feira, 23 de julho de 2008
"MANOLO"
Estava na "minha" esplanada,a tomar café depois de almoço,quando me apareceu o "Manolo" com o seu velho pastor alemão.
Fizemos uma grande festa.
Já não nos víamos há mais de um ano...
Mesmo em terras pequenas,isto acontece.Habituamo-nos a frequentar sempre os mesmos sítios,mesmos cafés,mesmos restaurantes...Enfim,estamos no "nosso" mundo!
O "Manolo" é um rapazito da minha criação,que deve a alcunha de família ao avô galego.
Então,durante cerca de duas horas,estivemos a pôr a conversa em dia...
Fiquei a saber que o "Manolo" vive com o cão.
Ele foi educado com princípios bastante rígidos e tentou passá-los aos filhos.
Sendo uma família bastante abastada,todos tinham que saber o que era estudar,trabalhar e o que custava ter dinheiro.
Os filhos foram aceitando estas normas,embora refilando.
No colégio,todos tinham roupa de marca...
Eles,não.
Os colegas tinham moto.
Eles,não.
Nunca se lembravam que sabiam muito de agricultura,cavalos,bovinos e os colegas nada sabiam sobre a matéria...
O que é certo,é que partiram para a vida com altíssimas habilitações e com um futuro brilhante.Hoje têm as suas próprias empresas e são pessoas com sucesso.
A mãe faleceu o ano passado,de cancro de mama.
Os filhos nunca mais quiseram saber do "Manolo" pai.
Ele não precisa de bens,nem de dinheiro.
Só precisa de carinho.
A semana passada,no Porto,cruzou-se com um dos filhos.
Ele disse-lhe "Olá!" e continuou o seu caminho...
Este desafecto está a "matar" o "Manolo".
Parece que o mundo já não tem lugar para afectos.
Será que a desumanização já chegou tão longe??!!
Resta-nos a nós,velhos,continuar a combatê-la!
Fernando Botero,Homem com cão
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4 comentários:
"...Ele foi educado com princípios bastante rígidos e tentou passá-los aos filhos.
Sendo uma família bastante abastada,todos tinham que saber o que era estudar,trabalhar e o que custava ter dinheiro."
Pois é... mas se calhar não passaram ao "Manolo" o saber dar afectos... o que é muito mais importante, para mim, que qualquer outra das coisas...
Com afectos tudo se simplifica, até a falta de dinheiro...
Sabes, felizmente sou oriunda de uma família também abastada de bens materiais, mas acima de tudo RICA em afectos, que mos passaram e eu passei aos meus filhos, que decertos os passarão aos filhos deles... quem semeia não colhe, dizia-me o meu Avô... uma mão dá a educaçãoe o pão e a outra o amor e a dedicação... talvez fosse isso que faltasse... a passagem do testeminho dos AFECTOS...
Que dizes a isso?
Beijinhos e boa semana ;))
Na "mouche",MM!
Um dia destes,quando contar a história do "Sininho",o mais novo dos "Manolos",verás como acertaste em cheio...
Um abraço.
RESSALVA:
Onde digo: "quem semeia não colhe" naturalmente, queria dizer "quem semeia colhe"!!
Só agora percebi o erro, ao vir ler a tua resposta, que me chegou via email... e do facto peço desculpas. :((
Beijinho
Por alguma razão se considera importantíssimo o equilíbrio emocional... Só muito fugaz e ilusoriamente adquirido a troco de dinheiro!
mc
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