segunda-feira, 5 de maio de 2008

HORÁRIO DOS HIPERMERCADOS




Começo por uma declaração de interesses:
Quem me conhece sabe que só em último recurso me consegue ver em espaços desse tipo...
Se eu fosse tido para o caso,diria NÃO à sua existência.
Mas,isto,é uma questão de gosto pessoal.
Vamos,agora,à questão dos horários(sempre tendo por base a pequena cidade em que vivo).
Na minha opinião,é completamente indiferente à rentabilidade do comércio tradicional que as grandes superfícies estejam abertas,ou fechadas,ao domingo.
O comércio tradicional prosperou e floresceu quando havia uma "lógica" de proximidade com os residentes.
À medida que os centros da cidade foram ficando desertos,o pouco comércio existente deixou de ter clientes.
Os "centros" são hoje ocupados por cafés,restaurantes e bares.Há alguns serviços,dentro dos horários...
Os que permanecem são as farmácias e as funerárias.
O resto,incluindo banca e seguros,vai-se mudando para esses "arredores" onde funcionam as grandes superfícies que,mercê de políticas sucessivas defensores de interesses de imobiliárias e construtores,passaram a constituir o comércio de proximidade...
No meu caso,um resistente que vive na "zona nobre",não tenho mercearia,não tenho sapateiro,não tenho casa de electricidade,não tenho alfaiates ou modistas,não tenho bombas de gasolina(por questões de segurança,as bombas foram transferidas para esses grandes conglomerados onde,por coincidência,habita a maioria da população.
Quando encerram os poucos serviços existentes(até a polícia e os bombeiros já saíram daqui),ficamos com um deserto ocupado pelo pessoal da noite.
Felizmente,quanto a mim,os estudantes,com a sua permanência,asseguram alguma estabilidade aos moradores.
Sempre é preferível ter todo aquele movimento e a barulheira associada a um silêncio inquietante...
Agora a política tem sido essa:desertificar os centros,com centenas de casas a caír(na maior parte dos casos,os seus proprietários não têm meios para as recuperarem),sem lugares para estacionar(nestas velhas ruas,uma garagem é uma raridade),preços de casas superinflaccionados e com regras inaceitáveis - por exemplo,obras acompanhadas por um arqueólogo que vem quando tem tempo...).
Quanto a mim,as Associações de Comerciantes teriam melhores resultados exigindo a recuperação do património imobiliário dos Centros,e a sua habitabilidade e concentração de moradores e residentes,fazendo regressar o comércio de proximidade,do que exigindo o encerramento das grandes superfícies ao domingo!
Quer gostemos,ou não,o actual comércio de proximidade está nessas grandes superfícies.
As Associações de Comerciantes,se não mudarem de agulha,morrem como vão morrendo as poucas lojas existentes.

2 comentários:

Anónimo disse...

É a massificação, meu amigo.
Neste caso a do consumismo.

Verdade que, dentro em pouco, os centros históricos das cidades não passam de um amontoado de ruinas, de abrigo de velhos desprezados e receosos, de palco de acções de terror...

E vivam os especuladores que sustentam os partidos!...
mc

Sei que existes disse...

Concordo totalmente contigo!
Beijos