terça-feira, 27 de maio de 2008

QUEM VAI RIR MELHOR?

Rapaiz, toda vez que receber um negóçu desse de piada, pode conferir: foi gravado lá em riba, com aquele sotaque que, por si só, já faz a gente gargalhar, num é mesmo? É um tal de sumpaulo, sumana, vizi, e por aí vai. Quando não é um radialista maluco desses, é o Ary Toledo, que começou comendo giletes, junto com o Carlinhos Lyra e o Vinícius de Moraes. Tirando os tons cavalcantis da vida, acho que a profissão está morrendo aqui no sul maravilha. Afinal, encher um teatro ou um auditório para ficar quase duas horas falando besteira e contando piada velha, não á fácil! A concorrência do congresso é muito grande. Hoje recebi um programa só com piadas de corno. São dois locutores contando velhas anedotas, mas o jeito de contar já faz a gente rir. Como não estava identificado, fiquei sem saber se era programa de rádio, show em teatro, circo ou reunião do diretório do PT, que anda rindo à toa, pelas palhaçadas próprias ou da oposição, que está apelando mais que... Sei lá o que! Hoje em dia tem mais apelações do que outra coisa. A Justiça resolveu governar, o congresso resolveu julgar e o executivo legislar. Que beleza, diria o Tim Maia, que não era parente do César, O Alcaide Maluquinho, nem do Agripino, O Torturador Potiguar. Me passa o baurete!

Aqui no sul maravilha parece que o rádio foi extinto, como um papagaio à pilha. Sobreviveu apenas nos automóveis, para audição musical. Até os porteiros noturnos assistem televisão, com sua fórmula novela/telejornal, que tomou conta da difusão, tanto da ficção quanto da realidade, que manipula com maestria. As livrarias quase sucumbiram de vez nos anos 80. Foram salvas pelos cafés que instalaram entre as obras literárias e que a cada dia vão se transformando em bares ou restaurantes, só falta comprar as balanças. É que o mercado editorial, talvez inspirado nessas lojas gastro-culturais, tornou-se produtor de comida, perdão, literatura a quilo: uma mistura, às vezes indigesta, de sabores e intenções das mais variadas origens, num cardápio muito louco. Encontra-se em seus balcões desde obras clássicas da filosofia e da política, até as mais oportunistas coletâneas, de contos a receitas de bolos, chás, simpatias e... piadas! Nada contra, vou logo avisando. Adoro chás e piadas, que repasso aos meus pobres correspondentes de e-mail. Os portugueses sofrem, mas já soube através de meus dois leitores da terrinha, que os brasileiros também são muito maltratados nas piadas por lá. Talvez essa relação explique algumas rivalidades, como Rio/Sumpaulo, Lisboa/Porto e outras, das mais variadas magnitudes. É sempre bom dar uma risada, nem que seja uma risadinha, um sorriso, mesmo que indignado. Faz bem prá pele, pro córtex. Pro músculo cardíaco. Costumo rir sozinho, quando caminho na praia, das besteiras que invento por qualquer motivo. Não tenho o hábito de escrever para aproveitar depois, fico tentando me lembrar e xingando o alemão Herr Alzheimer. Não é culpa dele ainda, penso eu entre as tais risadinhas resignadas. Hoje, por exemplo, dei vários sorrisos desses ao ler as opiniões dos argentinos sobre o jogo de amanhã entre Fluminense e Boca Juniors, semifinal da Taça Libertadores da América. Ninguém naquela terra de convencidos de nascença acredita que o tricolor carioca possa derrotar o time argentino, nem em Buenos Aires nem no Rio de Janeiro. Dizem que o Boca pode até perder lá que vai se classificar no Maracanã, como o América do México fez com o Flamengo. Consideravam o São Paulo o adversário natural do Boca Juniors. Isso torna o Fluminense o franco-atirador, o criminoso frio e calculista, muito em voga nos dois países. Dei meu sorriso mais cruel, mas sem perder a graça. Como um Coringa que consegue beijar a mulher do Batman. Vamos ver quem vai rir por último!

1 comentário:

Anónimo disse...

Prosa bem interessante.
E arrasador, em matéria de rivalidades.
Divertido.
Coitado do PT... Até ele levou por tabela...
Por tabela?
Ali, em cheio.
mc