Uma "estorinha" dos anos 80.
Após algumas negociações.eu e um grupo de amigos integrámos,minoritariamente,a Direcção de uma associação.
No ano anterior tinha sido construída uma nova Sede e,luxo dos luxos,apetrechada com um Departamento de Informática,para o qual tinha sido comprado um computador!
Ainda recordo o espectáculo que foi o encerramento do trânsito na Avenida e uma grua de grandes dimensões a erguer um monstruoso computador,para o fazer entrar pelas varandas do edifício...
E lá foi para a sala dele,previamente "tratada" e "isolada",a piscar luzinhas...
Como árvore de Natal,convenhamos,era feio!
Regressando a "estória"...
Lá fomos para a Direcção e tínhamos o problema do computador!
Não percebíamos patavina do assunto e sabíamos que "aquilo" não funcionava...
Tínhamos um jovem amigo,recém doutorado nessa "coisa" e falámos com ele.
Disponibilizou-se para nos ajudar,gratuitamente.
Lá esteve a estudar o problema,durante cerca de dois meses e resolveu fazer um Relatório.
Explicava que a compra do computador não tinha sido grande investimento pois,a muito breve prazo,estaria completamente desactualizado e com problemas de compatibilidade com o que iria aparecer.
E,tentava explicar a ignorantes completos na matéria,o que deveria ser feito para aproveitar o material.
Até aqui,tudo bem.
O problema surgiu quando o nosso amigo se referiu ao pessoal disponibilizado para "trabalhar" com o computador!
O pessoal que,muitas vezes tinha dificuldades com o Português,era quase incapaz para compreender instruções em Inglês (língua única na informática...)e assimilar o pouco de Português que tinha à sua disposição!
Nesta parte,um dos Directores "saltou":foi ele que escolheu o pessoal,da sua inteira confiança,da sua terra ou proximidade,da sua família ou afins!
Por isso,não "reconhecia competência ao jovem" e deveria ser dispensado o seu apoio.
E o Director,que sabia ler,escrever e contar,falando cada vez mais alto,pôs à votação a sua proposta de "dispensa de apoio gratuito".
Claro que,minoritários que éramos,perdemos a votação.
O burgesso e os seus amigos ganharam!
Envergonhadamente,em conversas pessoais,apresentámos as nossas desculpas ao jovem.
Suponho que nunca teve qualquer contacto formal.
Era,e é,o tempo dos cico-espertos.
Boneco retirado de O CAVALO SELVAGEM
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