Na primeira noite,eles aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,já não se escondem,
pisam as flores,matam-nos o cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia,o mais frágil deles,entra
sózinho em nossa casa,rouba-nos a lua,
e,conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissémos nada,
já não podemos dizer nada.
6 comentários:
Grande poema. O assobiar para o lado não resolve as situações pois quando damos por ele nada há a fazer.
Faz hoje, 26 de Abril, 70 anos que se deu o bombardeamento de Guernica.
Agora mais do que nunca uma data para recordar.
Um abraço.
Repito (o que disse o tozé):
GRANDE POEMA!
E repare bem que, em última análise, o que nos resta é mesmo a "nossa lua"...
Depois, como podemos surpreender-nos que "conhecendo o nosso medo, nos arranquem a voz da garganta"?
Recordo, por fim, o que é por demais sabido: nesse tempo, a lei era, mesmo, a de que "quem cala... Consente".
Óbvio. E facílimo, o consentimento!
Vinha mesmo a calhar. E dava imenso jeito!
mc
Grande poema, sim. Mas estão todos enganados. O poema NÃo é de maiakowsky, mas sim de um poeta brasileiro, Eduardo Alves da Costa. A César o que é de César...
Graça Santos
Desde 2007,tenho sido esclarecido sobre a autoria.
Para lhe dizer a verdade,através de várias consultas e pesquisas,mantenho uma certeza:
o poema é muito bonito!
A nacionalidade de Eduardo Alves da Costa,para mim,é pouco importante.
Noutro "site",já coloquei há 2 anos a dúvida sobre a autoria do poema.
Quem quer que tenha sido,seja qual for a sua nacionalidade,o poema é bonito.
Sobre o poema estamos de acordo. Quanto ao resto, gostava que lesse o que escrevi ainda há pouco sobre o assunto em
sol.sapo.pt/blogs/mouette/default.aspx
Se quiser fazer um comentário, fico contente. É sempre bom saber a opinião de quem nos lê.
Gostei de ler o que escreveu no seu blogue.É um trabalho de investigação interessante.
Quanto ao que fui sabendo:
no início dos anos 60,nas lutas estudantis no Rio(contra a ditadura,obviamente) começaram a aparecer na Faculdade de Medicina os poemas do "português".
Como nas Universidades de todo o mundo,nesse tempo,tentava-se iludir a censura com alcunhas,autorias e até com alguns "rebuçados"...
Uma amiga de Niterói,um dia ia-se passando quando lhe falei no "português" e,a brincar,lhe disse que o Eduardo era mesmo português!
Como sabe,com falsas autorias,na net circulam textos de Neruda,de G.Marques,Borges,Pessoa e muitos outros,quase desconhecidos do público.
Aqui,por Coimbra,na época(61/62) também fizemos algumas "adaptações" com sucesso.
O comentário já vai longo.
Quanto à "adaptação" do Eduardo,é notável.
Gostei do seu tralho.
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