quinta-feira, 26 de abril de 2007

MAIAKOVSKY


Na primeira noite,eles aproximam-se

e colhem uma flor do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite,já não se escondem,

pisam as flores,matam-nos o cão.

E não dizemos nada.

Até que um dia,o mais frágil deles,entra

sózinho em nossa casa,rouba-nos a lua,

e,conhecendo o nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissémos nada,

já não podemos dizer nada.

6 comentários:

Tozé Franco disse...

Grande poema. O assobiar para o lado não resolve as situações pois quando damos por ele nada há a fazer.
Faz hoje, 26 de Abril, 70 anos que se deu o bombardeamento de Guernica.
Agora mais do que nunca uma data para recordar.
Um abraço.

Anónimo disse...

Repito (o que disse o tozé):
GRANDE POEMA!

E repare bem que, em última análise, o que nos resta é mesmo a "nossa lua"...

Depois, como podemos surpreender-nos que "conhecendo o nosso medo, nos arranquem a voz da garganta"?

Recordo, por fim, o que é por demais sabido: nesse tempo, a lei era, mesmo, a de que "quem cala... Consente".
Óbvio. E facílimo, o consentimento!
Vinha mesmo a calhar. E dava imenso jeito!
mc

Graça Santos disse...

Grande poema, sim. Mas estão todos enganados. O poema NÃo é de maiakowsky, mas sim de um poeta brasileiro, Eduardo Alves da Costa. A César o que é de César...

Graça Santos

aminhapele disse...

Desde 2007,tenho sido esclarecido sobre a autoria.
Para lhe dizer a verdade,através de várias consultas e pesquisas,mantenho uma certeza:
o poema é muito bonito!
A nacionalidade de Eduardo Alves da Costa,para mim,é pouco importante.
Noutro "site",já coloquei há 2 anos a dúvida sobre a autoria do poema.
Quem quer que tenha sido,seja qual for a sua nacionalidade,o poema é bonito.

Graça Santos disse...

Sobre o poema estamos de acordo. Quanto ao resto, gostava que lesse o que escrevi ainda há pouco sobre o assunto em
sol.sapo.pt/blogs/mouette/default.aspx

Se quiser fazer um comentário, fico contente. É sempre bom saber a opinião de quem nos lê.

aminhapele disse...

Gostei de ler o que escreveu no seu blogue.É um trabalho de investigação interessante.
Quanto ao que fui sabendo:
no início dos anos 60,nas lutas estudantis no Rio(contra a ditadura,obviamente) começaram a aparecer na Faculdade de Medicina os poemas do "português".
Como nas Universidades de todo o mundo,nesse tempo,tentava-se iludir a censura com alcunhas,autorias e até com alguns "rebuçados"...
Uma amiga de Niterói,um dia ia-se passando quando lhe falei no "português" e,a brincar,lhe disse que o Eduardo era mesmo português!
Como sabe,com falsas autorias,na net circulam textos de Neruda,de G.Marques,Borges,Pessoa e muitos outros,quase desconhecidos do público.
Aqui,por Coimbra,na época(61/62) também fizemos algumas "adaptações" com sucesso.
O comentário já vai longo.
Quanto à "adaptação" do Eduardo,é notável.
Gostei do seu tralho.