quinta-feira, 8 de março de 2007

BALADA A UMA VELHINHA


Para comemorar o Dia da Mulher,não tenho palavras que prestem.

Recorro a ARY DOS SANTOS

Num banco de jardim uma velhinha

está só com a sombrinha

que é o seu pano de fundo.

Num banco de jardim uma velhinha

está sózinha,não há coisa

mais triste neste mundo.

E apenas faz ternura,não faz pena

não faz dó,

pois tem no rosto um resto de frescura.

Já coseu alpergatas e

bandeiras verdadeiras.

Amargou a pobreza até ao fundo.

Dos ossos fez as mesas e as cadeiras,

as maneiras

que a fazem estar sentada sobre o mundo.

No jardim ela

à trepadeira das canseiras

das rugas onde o tempo

é mais profundo.

Num banco de jardim uma velhinha

nunca mais estará sózinha,

o futuro está com ela,

e abrindo ao sol o negro da

sombrinha,poidinha,

o sol vem namorá-la da janela.

Se essa velhinha fosse

a mãe que eu quero,

a mãe que eu tinha,

não havia no mundo outra mais bela.

Num banco de jardim uma velhinha

faz desenhos nas pedrinhas

que,afinal,são como eu.

Sabe que as dores que tem também são minhas,

são moinhas do filho a desbravar que Deus lhe deu.

E,em volta do seu banco,os

malmequeres e as andorinhas

provam que a minha mãe nunca morreu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Belo poema. Viva o ARY!
Bonita fotografia. Viva a MULHER!
mc