domingo, 11 de março de 2007

Memória e Identidade


As pessoas nascem, crescem e vão moldando a sua identidade à medida do conhecimento do espaço/tempo que conquistam ao longo da vida, para já não falar da "dimensão oculta" como alguém designou a cultura (ou o conjunto de princípios que moldam os nossos raciocínios e emoções, de forma consciente ou inconsciente). Moldamos a nossa identidade à medida das alteridades que nos surgem navida: dos "como nós" que conhecemos, "daqueles como queremos ser", quando formos grandes.

Quantos mais exemplos de "eles" conhecermos, mais definida será a nossa Identidade, Porque rejeitamos as semelhanças com "uns" e adoptamos semelhanças com "outros" de forma consciente, em vez de reproduzirmos, de forma simples, "os que conhecemos como nós", rejeitando "os como os outros" ou "os como eles" ou "como aqueles"... Quanto maior for a consciência deste processo, maior o noso grau de tolerância, acredito. Se os outros não quiserem destruir o "meu mundo", "aquele" em que acredito e quero pertencer, posso dar-me ao luxo de ser tolerante e deixá-los ser como querem. Até posso ser amiga deles, desde que me tolerem como sou... Afinal, não somos canibais, por isso poderiamos habitar todos no mesmo "mundo"... partindo do princípio que não contribuimos todos os dias para distruir - mais um bocadinho - o planeta, alguns "outros" diferentes de nós, racionais ou irracionais, animais, vegetais ou minerais, materiais ou imateriais...

Enfim... Lembram-se do José Cid?

Pois é, gostava de contribuir com uma memória desse senhor, de que ainda se fala de vez em quando, e que escreveu uma canção que me serve de exemplo de alteridade: é bom tê-lo presente, para ter a certeza que pessoas assim são "os outros", não "os como eu".
Podem ouvir. Contado não se acredita, ou seja, é sintomático e paradigmático de um grupo de "eles" que podem continuar a existir se não tiver de ser como "eles"... ou se souber fingir muito bem que "sou como eles". Refiro-me ao "Favas com Chouriço".

3 comentários:

aminhapele disse...

Sabias que o Zé Cid,no concerto que deu esta semana em Coimbra,não compreendia os pedidos e os aplausos para o "Favas com chouriço"?
Ele pensou que o pessoal estava a gozar com ele,ao lembrarem-lhe "as porcarias que escrevi"!
De qualquer forma o concerto foi um grande êxito.
Mas nota como ele próprio classificou a canção mais pretendida...
Bem aparecida Maria.
Custou-me muito mandá-lo,mas fiquei feliz com o resultado do coice!
Beijo.

Anónimo disse...

Isso: bem aparecida!
É claro que não foi em resultado da alegoricamente asinina atitude de amp que a Maria apareceu...
Um texto destes não se prepara e escreve em segundos...
«Se os outros não quiserem destruir o "meu mundo", "aquele" em que acredito e quero pertencer, posso dar-me ao luxo de ser tolerante e deixá-los ser como querem. Até posso ser amiga[/o] deles, desde que me tolerem como sou...»
Pois é!
Embora possa ter um conteúdo algo perverso.

Ao referir o José Cid, podia ter feito o link respectivo:
http://www.youtube.com/watch?v=ZgRn69nWT04

Gostei do seu regresso.
Abraço
mc

Jorge P. Guedes disse...

Nunca ouvi a tal canção, mas a reflexão aqui escrita é muito séria e importante.

Um abraço.