Tenho muito,mesmo muito,respeito por este dia.
Faz 45 anos que eu,jovem adolescente,subia para o telhado às 2 ou 3 da manhã,e gritava em conjunto com outros estudantes,espalhados pelos vários telhados da cidade:
SOLIDARIEDADE!!!
AUTONOMIA!!!
UNIDADE!!!
Vocês não fazem ideia do que era um telhado há 45 anos.
Vêem hoje os restos nas casas que estão a caír de podres.
Mas foi então que fiz a minha aprendizagem para adulto,interrompida pela guerra colonial.
Mas as palavras que gritavam foram para a vida.
Continuemos a gritar:
SOLIDARIEDADE!!!
UNIDADE!!!
AUTONOMIA!!!
6 comentários:
Exactamente: faz de amanhã a oito dias (24 de Março) 45 anos!
(Foi antes d'ontem!...)
Culminava uma luta brava em que o futuro Chefe do Governo, então reitor da UL, Marcelo Caetano, tomou uma (precipitada? Impensada? Inconsequente?) inesperada posição pró-estudantes e se demitiu dessa função em protesto do assalto das faculdades pelos "gorilas" enviados pelo MEN, I. G. Teles...
Em Lisboa, estávamos no centro da borrasca: às tantas da madrugada - depois de um dia de correrias pelos arrabaldes da Cidade Universitária, do Campo Grande ao Lumiar, à frente da polícia de choque que, de viseira, escudo e cassetete, carregava sobre os ousados dos "comunas" - às tantas da madrugada, dizia, um comboio de autocarros levou-nos (éramos muito mais de mil, àquela hora), a maioria para a parada do quartel da dita polícia, na Parede, e alguns "privilegiados" (e muito mais perigosos) agentes do mal, a esses levou-os para o forte de Caxias...
E...
(Tanto que fica aqui por contar...)
(Recordo, apenas, duas coisas, sobretudo aos mais novos:
- isto foi ANTES de "Maio de 68"!...
- o governo salazarento confundia, (deliberadamente, claro) opositores a Salazar, à ditadura e ao seu regime, com traidores da Pátria - ou apátridas - e todos metia no mesmo saco com o rótulo de comunistas... (Mas ninguém se deixava intimidar. Ninguém se assustava com o rótulo).
...
mc
Nessa altura era puto e vivia na Avª Sá da Bandeira.Lembro-me muito bem dos grito AUTONOMIA durante a noite.Nessa altura, se a memómria não me engana, os carros da policia eram uns carochas e andavam desorientados.Relembrando o ZECA para " Os Filhos da Madrugada" a SOLIDARIEDADE não é uma palavra vã.
Rocky
Era puto e recordo essa noite. Vivia na Avª Sá da Bandeira e o grito AUTONOMIA ecoava pela velha alta.Se a memória não me engana a policia tinha uns carochas e andavam desorientados.
Recordando o ZECA para " Os Filhos da Madrugada" a palavra SOLIDARIEDADE não era uma palavra vã.
ROCKY
Gritemos,pois, e com força redobrada!
Em 62 ainda era cedo para mim, mas senti-os mais tarde, igualmente armados e outros à paisana, gorilas da Pide entrando de bastões de baseball pela Fac. de Letras adentro!
Havia, no entanto, as tais Unidade e Solidariedade que a estudantada cultivava como ninguém!
Como era bonito então!
"Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegámos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias da mar nos vamos
À procura da manhã clara"
Um abraço solidário.
JPG - O Sino da Aldeia porque avisar É preciso
"A maior homenagem que podemos prestar aos combates do passado,dos quais aliás nunca me esqueço,é não nos transformarmos em antigos combatentes.
Há razões para lutar.Sem sofreguidão,sem trágicas emoções,sem ilusões:mas com alegria e humor,fazendo da luta um quotidiano bem disposto,sem épica nem drama,sem crispação.Com pausas,com falta de paciência,mesmo com impaciência,uma ou outra vez.
Não nos levando nunca demasiado a sério,para podermos verdadeiramente manter a seriedade nos combates que travamos.Pequenos é certo,mas indispensáveis.
Um abraço."
Palavras sábias de um amigo que acho dever partilhar.
Aguardo autorização para o identificar.
Já estou autorizado a identificar o meu amigo,autor do texto acima,que nos dá uma autêntica lição de lucidez e de cidadania.
Obrigado,RUI NAMORADO.
Enviar um comentário