domingo, 22 de junho de 2008

SÓ A DIETA SALVA


Tenho que reconhecer: uma das coisas mais desagradáveis na vida depois dos cinqüenta (anos para os homens, quilos para as mulheres) é gostar de uma roupa que viu na vitrine, fazer um esforço hercúleo para convencer o cérebro de que a verba a ser investida na aquisição daquele bem inútil (e não no botequim mais perto) era um investimento a longo prazo, escolher a cor – preto ou azul marinho, é claro – e ter que ouvir da vendedora que não tem do seu número, ou que o número maior é inferior à circunferência de sua musculosa protuberância abdominal ou que a única peça que dá em você é rosa choque, azul bebê, vermelho bombeiro ou amarelo táxi. Passar por essa situação é uma dor equivalente ao parto. Naquele momento se descobre que faturar alguns carinhos de uma morena daquela – todas as vendedoras de lojas de roupa masculina hoje em dia são belas quase meninas, morenas ou falsas louras – só pagando, você sabe aonde. Sai da loja em depressão profunda – homem também é gente, ué! Entra na livraria e compra três clássicos da literatura afegã (O Gordo de Cabul, A Dieta de Cabul, Como Perder 70 Quilos em Cabul) e corre pro botequim mais próximo, jurando que vai ler tudo em uma semana, entrar pela décima vez para a academia da esquina – ao lado da farmácia, da temakeria e do boteco paulista - marcar entrevista nos Vigilantes do Peso, ligar para aquele médico que já te emagreceu uma vez há 30 anos, acender algumas velas e... já que vai entrar numa dieta violentíssima na semana seguinte, vamos tomar todas que ninguém é de ferro! Esta sumana foi de lascar, recuperei todas as gramas que perdi a muito custo nos meses anteriores, desde a última visita ao cardiologista, aquele especialista que se diverte com a desgraça masculina. Aniversários, shows, feijoadas, vontades repentinas de comer quindins, enfim, passagem certa para o inferno dos obesos, tudo em uma semaninha só. Pesquisei na Internet uma reação e o que encontrei foram milhares de dietas mirabolantes e fiquei imaginando como seriam, por exemplo, as dietas Da Lua (só comer queijo de minas e na lua cheia), da Sopa (com uma boinha no braço para não se afogar), do Atum (e sair fazendo biquinhos pelas vitrines das lojas de roupas), do Mediterrâneo (será passar uns anos nas Ilhas Gregas?) do Tipo Sanguíneo (essa deve ser para vampiros gorduchos), da Combinação de Alimentos (já combinei com uma rabada que ela não me engordaria e descobri que não se pode confiar em rabadas), da Pirâmide dos Alimentos (talvez dê certo no Egito) e por aí vai, só os quilos a mais é que voltam. Parece que ficam com saudades da gente, o que é um sentimento legal. As calorias têm saudades dos gordos, não é mesmo? Mas é para isso que existem os amigos que conseguem adivinhar seus problemas e aparecem logo para uma ajudinha. Ao consultar o Zé Mei esta manhã, descobri que ele já tinha me mandado uma dieta sem receitas na porta da geladeira, sem remédios milagrosos, sem textos explicativos, com o cardápio em apenas uma foto. Garante resultado em alguns anos! Amigo é pra essas coisas...

2 comentários:

aminhapele disse...

Quem não gostaria de ter o Zé Mei como amigo?!

Anónimo disse...

Pois! Mas também há os que mandam o Zé tomar um banho de urtigas... Vão lá deixar a única coisa que lhes dá prazer na vida?
mc