domingo, 8 de junho de 2008

UM APARELHINHO DIABÓLICO

Eu já me esqueci de quase todas as minhas primeiras vezes e nem estou tão velho assim. O primeiro beijo - com língua ou sem língua? Primeira vez ao volante? Primeiro gol na pelada? Primeiro dia de aula nos diversos estabelecimentos de ensino? Alguns ícones desses são inesquecíveis, como o primeiro carro – um fusca, o primeiro apartamento alugado para morar sozinho, em Santa Tereza, e por aí vai. Mas o que eu queria mesmo esquecer foi o primeiro telefone celular, aquele enorme comparado aos atuais, sempre fora de área ou com a bateria descarregada. Não entendo coisa alguma dessa tecnologia e suas siglas, nunca liguei muito para eles e sempre vivi muito bem assim, sem a neurose de ter o celular na mão ou sentir-se perdido no mundo. Esqueço o aparelhinho em casa com freqüência, não escuto suas chamadas dentro da bolsa, não sei o que fazer com as fotos e filmes que arrisco gravar sem ter lido manual algum, deixo a bateria descarregada por alguns dias... Por mim esqueceria para sempre esse aparelho cerceador da liberdade do cidadão, fiscal do comportamento humano, agente da repressão. Mas quem disse que consigo? Posso não olhar muito pra cara dele, não ligar de manhã, perder o carregador da bateria, esquecer no botequim, mas não ter um celular tornou-se impensável, pela enorme gama de sentimentos “do bom” que ele proporciona quando funciona direitinho: segurança – pode-se solicitar socorro em qualquer momento ou situação, sociabilidade – chamamos as pessoas queridas ao bar à meia noite só para contar que quase ganhamos na loteria, diversão – ficar jogando pôquer enquanto espera a moça na porta do cinema e várias outras simpáticas funções aparecem nos misteriosos menus. Mas quando o possuidor do celular é desses neuróticos que ficam o tempo todo com o treco na mão, olham de dois em dois minutos para ver se alguém ligou, falam feito papagaios ao volante e esquecem de desligar no cinema, no teatro e, ai meu deus, no avião, torna-se um monstrinho tecnológico insuportável! Esse tipo de usuário vai acabar provocando uma lei por uso impróprio do celular, cuja pena será a proibição de possuí-lo por longos períodos, dependendo do crime cometido. Condenado ao silêncio! Para ilustrar essa classe de assinantes sem classe, apresento um vídeo bastante interessante sobre o assunto e vou colocar o meu aparelhinho para carregar, que eu já ia me esquecendo e amanhã é domingo!


1 comentário:

Anónimo disse...

Boa partida a desses caras do vídeo... Se eu fizesse parte da turma que encanzinou a mioleira ao telepalrador, tinha feito um cagarinho muito maior...

Acho o telelé um objecto muito útil. Mas também o esqueço muito e não gasto um grão de incenso com ele.

mc